mainieri's

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Paz


Paz
(a)mém
aos homens de coração
coroados de candura.

Paz
zen
na contínua impermanência
de tempos & espaços.

Paz
sem
meias-palavras.

Ricardo Mainieri

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Poemazul

No verdeazul
da Mata Atlântica
ancoro meus olhos antigos.

Ricardo Mainieri

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

À espera



Nuvens espreitam
ao largo.

Escuras.

Na gênese da tempestade
que virá.

Surgirão raios
ralas luzes
ceifadas
telhados bailando
ao compasso
do vento.

O poeta
espera.

Mirando-se no espelho.

Ricardo Mainieri

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Jazz

Sons derramam-se pelo palco
notas & timbres
molhando-me de emoção.

Ricardo Mainieri

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Alerta geral



Meu camarada
dia está nascendo
noite morreu na curva
da esquina.

Nada fizemos
fugimos de nossas angústias
da mediocridade que domina nossos atos.

A cabeça pesa
o álcool já subiu
desceu
como um elevador.

Visões brotaram e sumiram
escaparam em palavras
gestos
seguiram
como num carrossel maluco.

Meu camarada
vamos adiante por cacoete
afinal a sociedade nos cobra virilidade.

Penetramos com fúria no dia-a-dia
recusamos às vozes dissidentes
que cruzam nossos caminhos
não quero mudar
tenho medo de mudar!

Gritamos
terror ferindo nossos corações.

Amanhã tudo recomeça
não temos escolha
não há mais Paz e Amor
a mochila já rasgou ...

Mas podemos tentar viver novos tempos
recompor as fraturas desta vida
embora sempre sobre um lado torto
sem se entregar.

Ricardo Mainieri.

(escrito aos 18 anos de idade...faz tempo)

terça-feira, fevereiro 01, 2005

O mapa do coração

Morreu o poeta.

No mapa da cidade
silêncio de passos
na Rua dos Cataventos.

Morreu o poeta.

Por que não tantos outros ?

Tornando órfãos
flores
passarinhos
o sol saudando o Guaíba
no cais
à tarde.



Morreu o poeta.

E um pouco
de humanidade
na paisagem desmaiada
de maio.

Calendário de cores & humores

Janeiro
azul
arqueologia de paisagens
renovadas.


Corpos em festa
fevereiro
suor & sexo
Carnaval.


Suspendo o bocejo
nas fábricas
universidades
o exílio do ócio
março.


Da cor oliva
vem abril
costurando nosso medo.


Maio
folhas ao chão
parindo luz.


Um manto de sombras
aquece junho.


Inverno no coração
julho
vinho e as vicissitudes da chuva.


Suicídios & renúncias
na noite negra do país
agosto.


Setembro
primavera às avessas
ao sul do coração.


Sol em Libra
verde presságio
outubro.


Vermelho
signo da luta
novembro
sorrisos & pão.


Consumo cristão
alegria à crediário
dezembro
Natal.

Ricardo Mainieri